quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A PSICOLOGIA PARA O SISTEMA


Nos dias atuais, é notória a preocupação de toda a sociedade com aquelas pessoas que cometem crimes, com os tipos de crimes bárbaros que são cometidos, e também o medo da população em sair de casa por conta destes. Os criminosos devem ser observados e tratados a partir do seu contexto cultural, pessoal e social. Tem despertado interesse nos estudiosos de diversas áreas o modo como estes crimes acontecem, e a crescente reincidência de criminosos à penitenciárias. Faz-se pensar a partir daí, o tipo de trabalho que é feito com eles enquanto inseridos nos presídios, as celas apertadas que dividem com inúmeros outros detentos, os tipos de personalidades que podem vir a desenvolver ao longo da vida, e o modo como são tratados pelo sistema.
No Brasil, a criminalidade vem sendo pautada somente após o crime ter sido executado, quando deve-se pensar em trabalhar em cima de projetos para a prevenção desta. A atuação do Profissional Psicólogo no sistema prisional é de suma importância para que se pense e ‘repense’ o funcionamento organizacional de todo o sistema. Para que isso aconteça, há de haver investimento e incentivo na prática da prevenção da violência e criminalidade.
O Diário Catarinense trouxe uma reportagem neste último mês que registra a fuga de 78 presos, a segunda maior fuga do complexo penitenciário somente neste ano. Na reportagem, Toniazzo (2011) registra o início da operação policial na busca dos foragidos e salienta que os responsáveis pela Instituição dizem que a “culpa é do governo”, sendo que foi prometido mais Agentes Penitenciários para o complexo, e a infra-estrutura é ruim. Os criminosos fugiram, deixando dois Agentes feridos. Fala também que alguns detentos já foram recapturados, mas não diminui o clima de insegurança em que vive toda a população, pois os detentos invadiram casas, roubaram veículos e amedrontaram os moradores próximos ao Presídio.
Notícias como esta chocam a população e causam indignação por parte de todos, pois entende-se que os impostos são pagos pela população afim de que se preze também a segurança da sociedade. Falando em segurança da sociedade, Goulart (2011) apresentou em sua reportagem no Jornal Diário do Sul, a história de um ex detento (que cumpriu pena de 10 meses por tráfico de drogas) e foi demitido de uma empresa de vigilância da cidade de Tubarão/SC após ter sido denunciado por um policial que não admitiu a atitude da empresa em realizar contratação do indivíduo por ser ex presidiário.
Neste aspecto voltamos à sociedade, pensando que se este indivíduo não trabalhar, pode voltar a traficar, ou cometer crimes tão piores, e retornar, ou não ao sistema prisional. Saliento até então que as questões aqui apresentadas dão margem à diversos questionamentos e diversas sugestões de projetos e pesquisas, para se chegar em algumas razões, como o medo e insegurança em que vive toda a sociedade, na angústia de dias melhores e menos crimes, que tem a ver principalmente com o apoio e investimento total do governo, que também tem a ver com a criação de cada indivíduo, e todo o aspecto sociocultural e familiar ao qual está inserido, nas portas que a sociedade pode abrir e proporcionar mudanças na vida de um ex detento, a infra-estrutura material e profissional que deve ser criada para que o reeducando possa cumprir sua pena e retornar a sociedade de modo que possa estar apto para não reincidir. Muita coisa ainda deve ser mudada.
A ação do profissional Psicólogo em todo o sistema deve ser pensada visando uma sociedade melhor, pois como a mídia tem mostrado diariamente, deve-se preocupar com um futuro próximo e trabalhar na prevenção de quaisquer tipos de crimes, sejam eles cometidos por pessoas de classe baixa, média, ou classe média alta. Sem desconsiderar os crimes praticados por quem faz parte do sistema. Que ao meu ver, são os que corrompem toda e qualquer possibilidade de mudança que a sociedade pode vir a desenvolver. É preciso trabalhar todo o sistema.

GOULART, Davi. Homem é demitido e acusa policial de difamação. Diário do Sul. Tubarão, 25 jun. 2011. Polícia, p. 07.

TONIAZZO, Alessandra. Segunda maior: Em 15 horas, 78 presos fugiram da penitenciária. Diário Catarinense. Florianópolis, 27 jun. 2011. Polícia, p. 34.


Mariane Reinaldo Duarte
(artigo de minha autoria)

Nenhum comentário:

Postar um comentário